Não passado muito tempo de convivência com lideranças, militantes, simpatizantes da causa LGBT, comecei a escutar o seguinte discurso:
- Somos lésbicas, temos nossas demandas e não queremos mais que os homens (nesse caso os gays) falem por nós. Gays não mais darão voz ao que eles acham que nós queremos!
OK! Concordo! Concordo com o direito ao nosso espaço, mas critico aquelas que desejam fazer desse movimento uma cisão! A causa é homossexual, cada um dentro da sua especificidade, mas é homossexual!
Então, dentro de necessidades lésbicas que só nós podemos dar visibilidade, me deparo com posturas e estruturas empoderadas que vêem a entrada de jovens militantes não como aliadas, que oxigenam idéias e repensam o velho como base para um novo mais forte, mas como ameaças ao seu espaço já conquistado. Deve ser medo de desestruturar para reconstruir, afinal o novo e desconhecido dá medo!
Me questiono sobre os infindáveis embates travados sucessivamente entre pessoas que, teoricamente têm o mesmo objetivo, e a única pergunta que me resta a fazer é: estamos reunidas para disputar nossos egos e fazer desse circo um palco para fazer brilhar o maior ego ou, de fato, acreditamos que podemos fazer um mundo melhor a partir da união de forças, do entrelace de idéias? Enquanto houver essa disputa
só o que acontecerá é o enfraquecimento do movimento e a falta de crença que um dia todos poderão conviver em paz, respeitando as diferenças.
No fervor das discussões, onde queremos que prevaleça o nosso ponto de vista, não percebemos que o ponto de vista do outro pode preencher a rachadura do nosso e fortalecer a construção do que será comum e beneficiará todos.
Quando escuto de uma liderança que a maioria nem sempre é consenso, lanço aqui a minha pergunta: então consenso é exercício de poder, é despotismo?
Se, num grupo onde acho que poderei construir meios para um mundo melhor, junto com pessoas que têm o mesmo objetivo que o meu, encontro uma empoderada, de atitude déspota, com discurso maquiado de boa moça, onde encontrarei gente que faz de verdade sem a preocupação de ter o seu espaço e brilho ameaçados?
De acordo com a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso), temos a seguinte definição: "O consenso leva em conta as preocupações de todos e visa a resolvê-los/aclarar-los antes que a decisão seja tomada. O mais importante, neste processo é incentivar um ambiente em que todos são respeitados e todas as contribuições são avaliadas. O consenso formal é um processo de decisão mais democrático. Grupos que
desejam envolver sempre mais voluntários na participação têm a necessidade de utilizar um processo inclusivo. Para atrair e envolver cada vez mais pessoas é importante que o processo incentive a participação, permita o acesso igual ao poder, desenvolva a cooperação e crie um sentido da responsabilidade individual para as ações do grupo. O objetivo do consenso não é a seleção de diversas opções, mas o desenvolvimento de uma decisão que seja a melhor para o grupo como um todo. É em síntese evolução, não competição nem atrito."
Num grupo onde a maioria não pode estar, não é inclusivo; É EXCLUSIVO! Se a tomada de decisão é feita pela minoria dos presentes em uma reunião, isso não é inclusivo; É EXCLUSIVO!
Se eu sou lésbica e quem tem que dar voz às minhas necessidades sou eu e não um gay, também não quero que quem dê voz às minhas necessidades enquanto "mulhernegralésbica" (termo lindo, político e forte, mas esvaziado em função da palavra que fica na atitude contraditória do discurso dessas mesmas mulheres) seja alguém que faça do seu poder um meio para viabilizar seus pensamentos. Não contribuirei para empoderar lésbicas de postura escorregadia, pois qualquer conquista vinda desse tipo de pessoa não é legítimo!
Eu acredito num mundo melhor, e vc?
Eu acredito que a união faz a força, e vc?
Simone de Beauvoir dizia que não se fecharia em um grupo apenas de mulheres, em que os homens estariam de fora, porque acabaria exatamente como eles... neste ponto hei de concordar com ela.
Fica aqui o desabafo e a esperança de um mundo mais coletivo, íntegro e colorido.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
"Viver sem tempos mortos"
Vamos lá, comecemos por partes!
Citei no post anterior a peça com a Fernanda Montenegro: "Viver sem tempos mortos"
No monólogo ela dá vida a algumas cartas escritas por Simone de Beauvoir, onde fala sobre toda a sua vida.
Confira um pedacinho: http://www.youtube.com/watch?v=zIHRlvWG3wY
Citei no post anterior a peça com a Fernanda Montenegro: "Viver sem tempos mortos"
No monólogo ela dá vida a algumas cartas escritas por Simone de Beauvoir, onde fala sobre toda a sua vida.
Confira um pedacinho: http://www.youtube.com/watch?v=zIHRlvWG3wY
"Eu vim do avesso Reverso do que é aceito..."
Vai ser assim, ao som de Bethânia e com a cabeça povoada de muitas idéias e devaneios que abro o meu blog!
Ontem fui assitir Fernanda Montenegro interpretando Simone de Beauvoir na peça "Viver sem tempos mortos". Já a caminho, de mente inquieta, percebi que passei 32 anos da minha vida pensando, supondo, questionando mas nada faz parar a minha inquietude, minha sede de querer sempre mais! Uns questionamentos puxam os outros... e quando caio em mim, não lembro mais do ponto de partida. Aff!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E assim vou me construindo, desconstruindo, reconstruindo... pelo infinito de pensamentos, idéias, emoções, imagens, sons que colho ao longo dos dias, horas, minutos, segundos... às vezes parece que vou explodir de tanta coisa que acumulei!
Como não posso andar com a minha Analista a tira colo, vai ser aqui, neste blog que vou dar continente para os meus excessos, o que não cabe mais em mim. Praticamente um ego auxilliar! =D
Sim, eu vim do avesso! Vim na contramão das concepções, na palavra que não define, no ato que rompe o velho, que questiona o novo. Eu vim para romper, para ousar, para enfrentar, para questionar!
Não gostou? Pegue sua senha e vá para o final da longa fila!
Ontem fui assitir Fernanda Montenegro interpretando Simone de Beauvoir na peça "Viver sem tempos mortos". Já a caminho, de mente inquieta, percebi que passei 32 anos da minha vida pensando, supondo, questionando mas nada faz parar a minha inquietude, minha sede de querer sempre mais! Uns questionamentos puxam os outros... e quando caio em mim, não lembro mais do ponto de partida. Aff!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E assim vou me construindo, desconstruindo, reconstruindo... pelo infinito de pensamentos, idéias, emoções, imagens, sons que colho ao longo dos dias, horas, minutos, segundos... às vezes parece que vou explodir de tanta coisa que acumulei!
Como não posso andar com a minha Analista a tira colo, vai ser aqui, neste blog que vou dar continente para os meus excessos, o que não cabe mais em mim. Praticamente um ego auxilliar! =D
Sim, eu vim do avesso! Vim na contramão das concepções, na palavra que não define, no ato que rompe o velho, que questiona o novo. Eu vim para romper, para ousar, para enfrentar, para questionar!
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